Em 2011, a cadeirante Mirella Prosdócimo, ao reclamar de uma pessoa que ocupava, sem necessidade, a vaga reservada aos deficientes, foi agredida verbalmente por esta pessoa (talvez ela tenha confundido a deficiência física com a moral). Indignada e até assustada com a reação inimaginável que recebeu, a Mirella relatou este fato em suas redes sociais recebendo dezenas de mensagens de apoio e solidariedade. Em seguida, tendo o fato recebida muita repercussão nas mídias sociais, também chamou a atenção da imprensa. Como consequência de tanta exposição nasceu a campanha “Essa vaga não é sua nem por um minuto” em alusão a mais usual das desculpas de quem ocupa desnecessariamente uma vaga reservada: “é só por um minutinho”.
Inicialmente, com apenas posts alusivos ao tema (veja algumas ao longo deste blog) a campanha rapidamente viralizou pelas redes com milhares de usuários não apenas compartilhando as peças criadas, mas também trocando seu perfil por essas fotos. Numa segunda etapa, aproveitando toda notoriedade que gerou a campanha e para aumentar ainda mais seu alcance, foi criado um filme invertendo a situação. Colocaram-se cadeiras de rodas ocupando vagas normais em um supermercado e filmaram a reação dos motoristas que tentavam estacionar. O resultado? Foi ainda maior! Com o filmete a campanha “bombou” pelas redes e muitos outros materiais foram produzidos:
“O filme teve uma impressionante repercussão e foi o fio condutor de inúmeras outras peças criadas,
como cartazes, banners, posts e até uma “multa moral: um pequeno bloco imitando uma multa, mas
que cobra, na verdade, uma mudança de atitude.”
Fonte: https://www.socialideias.com.br/portfolio/essa-vaga-nao-e-sua-nem-por-um-minuto
Em consequência de toda repercussão:
Dezenas de entidades de mais de 15 países pediram permissão para uso do material;
Estima se mais de 20 milhões de visualização (e continua a crescer);
Vencedora de diversos festivais incluindo o “Yahoo! Big Idea”;
A campanha foi citada em centenas de telejornais, revistas e blogs tanto no Brasil, como internacionalmente gerando enorme publicidade;
Inclusão pelo Governo Federal no programa de aceleração do crescimento de diversas ações de financiamento de programas de acessibilidade e inclusão social;
Exigência de órgãos públicos para que todos os prédios executassem obras de acessibilidade;
Convite pela prefeitura de Curitiba à Mirella para assumir a Secretaria da Pessoa com Deficiência;
Milhares de pessoas pelo mundo foram de algum modo sensibilizados a perceber as pessoas com deficiência com um olhar mais inclusivo e respeitoso.
Infelizmente ainda hoje nos deparamos com muitas situações de pessoas ocupando desnecessariamente vagas reservadas. De desculpas esfarrapadas até agressividade ao serem confrontados estas pessoas têm em comum o desrespeito às regras sociais, a falta de educação e a necessidade de sempre obterem alguma vantagem.
Atualmente diversas pautas inclusivas são debatidas e exigidas sua implantação. Minorias precisam ser respeitadas, leis devem surgir para amparo e inclusão daqueles que fizeram suas escolhas ou a vida lhes proporcionou novos desafios. Temos que ser incisivos, talvez intolerantes, mas precisamos agir contra tudo e todos que de algum modo tentam nos impor suas percepções particulares, retrogradas na maioria das vezes e desnecessária em muitas delas, mascaradas de avanços. O único meio de realmente mudar uma sociedade é pela educação e o meio de adaptar a educação começa pela indignação e debate honesto.
Portanto, sempre que ver alguém que não precisa ocupando uma vaga para idoso ou deficiente tente fazê-lo entender:
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